Prejuízos na Geração de Energia Renovável no Ceará Acendem Alerta no Setor

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Nos últimos anos, o Ceará tem se destacado como um dos principais polos de energia renovável no Brasil, especialmente na geração solar e eólica. No entanto, o setor enfrenta uma crise silenciosa que ameaça investimentos, empregos e a expansão dessa matriz energética limpa: os constantes cortes na geração, conhecidos como curtailment, impostos pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).

O que está acontecendo com a energia renovável no Ceará?

Desde outubro de 2021, diversas usinas de energia renovável vêm sofrendo interrupções forçadas em sua produção. O problema não está na geração em si — afinal, o Ceará tem excelente irradiação solar e ventos constantes — mas sim na falta de capacidade na infraestrutura de transmissão da energia gerada.

Os impactos financeiros já são evidentes

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), as perdas financeiras acumuladas pelas usinas solares e eólicas no Ceará já ultrapassam R$ 262 milhões. Só em 2025, as usinas eólicas do estado perderam cerca de R$ 20 milhões, com a suspensão de 341,4 mil MWh. No caso da energia solar, foram desperdiçados 716,46 mil MWh nos últimos 12 meses, representando R$ 56 milhões em prejuízo.

Ressarcimento abaixo do esperado

Outro agravante é que apenas 2,5% desses prejuízos foram ressarcidos até abril deste ano. Essa lentidão no reembolso torna a situação ainda mais crítica e desestimula novos investidores. Com isso, projetos que poderiam acelerar a transição energética no Brasil ficam engavetados ou abandonados.

Ceará: potência ameaçada na geração de energia limpa

O Ceará representa 22% da capacidade instalada de energia solar do país. Esse protagonismo, entretanto, está em risco. Conforme alerta o professor Kleber Lima, da Universidade Federal do Ceará (UFC), “há uma clara limitação que desmotiva empresas a investirem em novas plantas no estado”.

A situação também revela uma contradição: enquanto o país busca metas ambiciosas de descarbonização e transição energética, a infraestrutura para escoar essa energia não acompanha a velocidade dos investimentos privados.

Soluções e caminhos possíveis

A Absolar e outras entidades do setor vêm pressionando o governo federal e as agências reguladoras para que sejam feitas melhorias urgentes nas redes de transmissão, além da revisão de políticas que garantam ressarcimentos mais justos e previsíveis.

Além disso, ações judiciais já estão sendo movidas para contestar os critérios usados pelo ONS nos cortes de geração. A expectativa é que, com maior pressão e visibilidade, o tema ganhe prioridade no planejamento energético nacional.

Por que isso importa para o Brasil?

Investir em energia renovável é uma das principais estratégias para enfrentar a crise climática e garantir segurança energética no país. No entanto, sem infraestrutura adequada e políticas públicas alinhadas, até mesmo os estados mais preparados, como o Ceará, correm o risco de perder protagonismo.

A energia solar e eólica não são apenas alternativas viáveis — são o futuro. E esse futuro precisa de suporte para se tornar realidade.


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