A indústria eólica no Brasil enfrenta uma crise significativa, causada por diversos fatores que impactam a sustentabilidade do setor. Nos últimos dois anos, houve uma redução considerável no número de novos projetos de geração e, consequentemente, uma diminuição nos pedidos de equipamentos como turbinas, pás e outros componentes.
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Problemas Internos do Setor
Um dos principais fatores que estão impactando na crise da indústria eólica é a sobre oferta de energia no mercado regulado, o que reduz a necessidade de novos leilões para contratação de capacidade. Isso pressiona os preços no mercado livre, dificultando a rentabilização de novos empreendimentos eólicos. No Leilão A-5 de 2021 por exemplo, o preço médio contratado do Megawatt hora foi de R$ 160, enquanto para os projetos do Proinfa os preços são superiores a R$ 680/MWh.
Concorrência com a Energia Solar
A competitividade entre a energia eólica e a solar é outro desafio significativo. Recentemente, os preços dos painéis solares caíram drasticamente no mercado internacional. Esta redução torna os projetos solares mais atrativos economicamente, especialmente em grande escala, desestimulando investimentos em projetos eólicos. Além disso, a instalação de sistemas de geração distribuída (GD) solar está em alta, o que reduz ainda mais a participação da energia eólica no mercado das distribuidoras.
Impacto das Quedas nos Preços no setor Solar
A acentuada queda nos preços dos painéis solares não apenas afeta a competitividade dos projetos eólicos, mas também estimula a instalação de novos sistemas de GD. Além disso, esse movimento é reforçado pelo fato de que a maioria dos painéis solares utilizados no Brasil são importados. Enquanto isso a China aparece como principal pais exportador, onde os custos de produção são menores. Esse diferencial de custo cria uma assimetria no mercado, tornando a energia solar uma opção mais viável para muitos investidores.
Medidas e Alternativas para a Indústria Eólica
Uma das alternativas discutidas para ajudar a indústria eólica é a criação de incentivos à exportação de equipamentos eólicos, permitindo que a indústria brasileira busque novos mercados internacionais. Contudo, isso ajudaria a aliviar a pressão sobre as fábricas nacionais, evitando demissões e fechamentos de linhas de produção.
Outra abordagem é ajustar as linhas de crédito e tarifas de importação, buscando um equilíbrio entre as condições de financiamento para projetos eólicos e solares. A exigência de conteúdo nacional em projetos solares financiados por bancos públicos também está sendo considerada como uma forma de reequilibrar a competitividade.
Impacto nas Grandes Empresas
A crise já impactou significativamente grandes empresas do setor. Desde 2022, importantes fabricantes como GE e Siemens Gamesa encerraram suas operações no Brasil. A WEG, uma empresa catarinense, anunciou a suspensão temporária da produção de turbinas eólicas em Jaraguá do Sul. Outra gigante, a espanhola Acciona também reduziu sua presença no país. Além disso, a Vestas ver redução nos pedidos para os próximos dois anos e Aeris, fabricante de pás eólicas, demitiu 1,5 mil empregados devido à falta de novos pedidos no mercado nacional.
Perspectivas para o Futuro
Em contra partida uma das maiores empresas de energia eólica do mundo, a Goldwind comprou a fábrica da GE em Camaçari Bahia. Roberto Veiga, vice-presidente da Goldwind no Brasil, informou em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE que a fábrica começará a operar em julho. Esta será a primeira unidade da empresa fora da China, localizada no município de Camaçari, região metropolitana de Salvador.
Outra empresa do setor que também chegou ao Brasil foi o grupo chinês Sinoma, que está investindo em uma fábrica de pás para turbinas eólicas na Bahia. Na prática, aumentará a concorrência para a brasileira Aeris, que opera no Ceará.
Para garantir a sustentabilidade da indústria eólica no Brasil, é essencial encontrar um equilíbrio entre as condições de financiamento e os incentivos para projetos eólicos e solares. Proteger a indústria eólica é crucial não apenas para preservar empregos, mas também para fortalecer a cadeia produtiva e a economia do país. A concorrência com a energia solar é intensa, e medidas estratégicas são necessárias para manter a competitividade do setor eólico. Pessoas importantes do setor afirmam que é necessário um segundo Proinfa para alavancar o setor eólico novamente.